15 de jul. de 2010

Concepções Sobre População

De início não pretendo supor que se começou a pensar em população apenas no século VXIII, porém a atualidade dos temas tratados é que fazem necessários um retorno do pensamento Malthusiano e Marxista para entender as bases do pensamento da população no século XX e com isso tentar entender a complexidade da realidade social e histórica.

A Teoria de Malthus

Foi em 1798 que Thomas Robert Malthus escreveu seu primeiro ensaio sobre o princípio da população, e em 1803 publicou a segunda edição que foi ampliada, e, após essas, quatro outras edições, sendo a última delas em 1826.

O período histórico que antecede tudo isso é aquele que vai do séc XIV ao XVI que reflete a expansão capitalista frente a decadência do antigo regime feudal. Então, há aí uma separação dos meios de produção e subsistência praticados no seio da medievalidade com o mercado de trabalhadores livres, sendo expresso de inicio na Inglaterra.

Tem-se ai a acumulação originária que foi o ponto de partida da acumulação capitalista, sendo os trabalhadores separados da propriedade sobre as condições da realização do trabalho, ou seja, o trabalhador não tem mais vinculo com a terra e com o seu senhor. A relação não é mais servil, é uma relação de trabalhadores livres e burguesia.

Já no século XVIII enquanto a Inglaterra vive o industrialismo, momento em que Malthus escreveu seu ensaio sobre o principio da população há uma mudança nas relações de trabalho impulsionadas por um contexto novo. Os empregados de inicio, que eram homens adultos, agora são crianças e mulheres, que trabalham em algumas fases do setor produtivo substituindo o homem e gerando então grande desemprego e movimentação de trabalhadores pelo território, a migração, obrigando-os assim a trabalhar de um lugar para o outro, mudando suas relações familiares e aumentando entre outras coisas a mortalidade infantil.

Esse contexto de mudanças drásticas promove o movimento dos quebradores de maquinas. Foi aí que se deu o inicio da luta da classe trabalhadora para enfrentar a situação de precariedade em que se encontrava. Nesse quadro é que devemos então analisar o homem Malthusiano.

Em seu primeiro ensaio, Malthus critica os socialistas utópicos, que eram aqueles que sonhavam com uma sociedade igualitária como solução a situação de miséria em que se vivia. Podemos citar alguns desses socialistas, como Condorcet e Wallace. Malthus dizia que “ a causa verdadeira da miséria humana não era a sociedade dividida em proprietários e trabalhadores, entre ricos e pobres”, negando deste modo que uma sociedade sem classes e igualitária seria a solução para a miséria como propunha os socialistas. Para Malthus “a miséria seria na verdade um obstáculo a ser considerado como positivo que sempre atuou na historia humana para equilibrar o desnível que há entre a multiplicação dos homens e a produção dos meios de subsistência”, que em outras palavras chamamos de produção de alimentos.

Deste modo, Malthus constataria que existe uma lei natural. Essa lei natural evidencia que a população cresce num ritmo geométrico e os produtos de subsistência, a produção de alimentos, num ritmo aritmético.

Ex: PG 2,4,8,32,..

PA: 2,4,6,8,10,12,,,,,,,

Assim, a miséria e o vício seriam positivos ao crescimento da população, pois eles reequilibrariam essas forças tão desiguais, pois a paixão entre os sexos excede a capacidade da terra de produzir alimentos para a sobrevivência do homem. Isso tudo ocasionaria uma forte pressão restritiva, ou seja, que restringia o acesso aos alimentos, sendo que os mais pobres ficam com a pior parte e uma menor parte da população convivendo com a fome e a miséria. Assim para Malthus a fome e a miséria são maus necessários.

A miséria segundo ele, faz com que se reduzam os matrimônios, pois se torna caro e difícil sustentar os filhos e por outro lado obriga os cultivadores a aumentar o emprego de Mão-de-obra e abrir novas áreas para o cultivo e re-equilibrar a relação população e recursos. Entretanto ao se ampliar os meios de subsistência a população volta a crescer, vivendo assim sempre num progresso e retrocesso.

Criticando mais uma vez a idéia dos socialistas utópicos, Malthus dizia que uma sociedade igualitária estimularia os nascimentos e dessa forma estenderia a pobreza a todos, e uma luta pala sobrevivência em meio a tantos pobres faria triunfar o egoísmo. Ele inclusive é contra qualquer forma de assistencialismo do estado em favor dos pobres, considerando como algo nefasto,( FALSA IDEIA DE MUDANÇA DE VIDA) pois reduziria a miséria apenas em curto prazo e estimularia o casamento e a procriação dos indigentes. ( coitado do bolsa família se Malthus estivesse aqui).

A produção de alimentos seria limitada, pois depende de espaços cultiváveis, fertilidade do solo, disponibilidade de empreendedores na atividade.

Ex: Estados Unidos tem boas condições e por isso o crescimento populacional ali dobraria de 25 em 25 anos.

Já a Europa teria dificuldades por questões de limitação do solo, de carência de áreas e elevado custo de produção. Dobrando a população de 300 ou 400 anos.

Algumas questões

1. Não estaria Malthus fugindo ou subestimando as relações sociais e econômicas que eram particulares ao momento histórico em que viveu, como fonte explicativa da pobreza, refugiando-se, como principio motor de sua teoria, numa relação numérica abstrata? ( apenas uma relação inexpressiva de números) afinal ele era considerado um ideólogo da burguesia, seu defensor e legitimador.

Temos na crítica de David Ricardo um questionamento a cerca dos fundamentos de Malthus quando faz uma instigação “ o quanto de trigo disponível é absolutamente indiferente ao trabalhador, se ele carece de ocupação e não pode adquirir esse trigo. Portanto, são os meios de emprego e não os de subsistência que colocam o trabalhador na categoria de população miserável ou não”.

2. o desenvolvimento da indústria impediu o desenvolvimento da produção agrícola? Hoje, não se produz infinitas vezes mais do que em sua época, com proporcionalmente menor quantidade de trabalhadores agrícolas? Pois segundo Malthus o crescimento da população induziria a incorporação de novas áreas ou a intensificação das já existentes. Tanto num caso com no outro elevaria os custos de produção.

3. existiriam limites no entendimento do homem por malthus?

O homem de malthus é aquele sujeito a paixão entre os sexos. Invariável em todas as épocas e traduzido em multiplicação matemática. O homem Malthusiano se resume a procriação regulada pela miséria e pelos vícios, pelo matrimonio e pelo celibato.

No próximo post continuarei esta reflexão sobre população, desta vez com as idéias reformistas marxistas que colocam em xeque os postulados de Malthus.

9 de jul. de 2010

Questão Palestina

Hebreus, Judeus, filisteus, Palestinos, Árabes, Muçulmanos, Israelitas e Israelenses são termos que não são bem compreendidos pela maioria das pessoas, e além do mais quando vêm interrelacionados podem se tornar um "bicho de sete cabeças" e dá um nó no "juízo" de muitos alunos. Tentarei portanto simplificar e exclarecer um pouco mais sobre a tão complicada questão palestina. Bem, Palestina (do original Filistina – “Terra dos Filisteus”) é o nome dado desde a Antiguidade à região do Oriente Próximo (impropriamente e comumente chamado de “Oriente Médio”), localizada a nordeste da Península do Sinai, entre o Mar Mediterrâneo e o vale do Rio Jordão. Trata-se da Canaã bíblica, que os judeus tradicionalistas preferem chamar de Sion (daí vem o termo sionismo).

A Palestina foi conquistada pelos hebreus ou israelitas, que hoje conhecemos mais como judeus por volta de 1200 a.C., depois que aquele povo se retirou do Egito, onde viveu por alguns séculos. ( dá para perceber então que hebreus, israelitas e judeus é um mesmo povo, apenas tratados por termos diferentes ao longo do tempo, que aliás segundo a biblia uma dessas mudanças foi Deus quem fez).

Mas as sucessivas dominações estrangeiras, começadas com a tomada de Jerusalém (587 a.C.) por Nabucodonosor, rei da Babilônia, deram início a um progressivo processo de dispersão da população judaica, a conhecida diáspora, embora sua grande maioria ainda permanecesse na Palestina.

As duas rebeliões dos judeus contra o domínio romano (em 66-70 e 133-135 d.C.) tiveram resultados desastrosos. Ao debelar a primeira revolta, o general (mais tarde imperador) Tito arrasou o Templo de Jerusalém, do qual restou apenas o Muro das Lamentações. E o imperador Adriano, ao sufocar a segunda, intensificou a diáspora e proibiu os judeus de viver em Jerusalém. A partir de então, os israelitas espalharam-se pelo Império Romano; alguns grupos emigraram para a Mesopotâmia e outros pontos do Oriente Médio, fora do poder de Roma.

A partir de então, a Palestina passou a ser habitada por populações helenísticas romanizadas; ( Gregos) e, em 395, quando da divisão do Império Romano, tornou-se uma província do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).

Em 638, a região foi conquistada pelos árabes (etnia), no contexto da expansão do islamismo (religião), e passou a fazer parte do mundo árabe, embora sua situação política oscilasse ao sabor das constantes lutas entre governos muçulmanos rivais. Chegou até mesmo a constituir um Estado cristão fundado pelos cruzados (1099-1187). Finalmente, de 1517 a 1918, a Palestina foi incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco). Deve-se, a propósito, lembrar que os turcos, e embora muçulmanos, não pertencem à etnia árabe. ( ou seja, os turcos praticam o islamismo, mas são de etnia diferente dos árabes, assim como os iranianos que praticam o islamismo, e portanto são muçulmanos, porém não são árabes, são Persas!! ) (ainda não entendeu? pois bem, é como comparar duas tribos indigenas como os Ianomami e os Mundurucu. Pertencem a um grupo específico, porém com traços linguisticos e culturais distintos. Por isso judeu não é árabe e persa não é palestino, mas palestino é árabe e não judeu a pesar de viverem hoje dentro do estado de Israel. A palestina é uma região pequena que engloba Israel, Gaza e cisjordania)

Em 1896, o escritor austríaco de origem judaica Theodor Herzl fundou o Movimento Sionista, que pregava a criação de um Estado judeu na antiga pátria dos hebreus.

Esse projeto, aprovado em um congresso israelita reunido em Genebra, teve ampla ressonância junto à comunidade judaica internacional e foi apoiado sobretudo pelo governo britânico (apoio oficializado em 1917, em plena Primeira Guerra Mundial, pela Declaração Balfour).

No início do século XX, já existiam na região pequenas comunidades israelitas, vivendo em meio à população predominantemente árabe. A partir de então, novos núcleos começaram a ser instalados, geralmente mediante compra de terras aos árabes palestinos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Turquia lutou ao lado da Alemanha e, derrotada, viu-se privada de todas as suas possessões no mundo árabe. A Palestina passou então a ser administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato concedido pela Liga das Nações ( atual ONU) .

Depois de 1918, a imigração de judeus para a Palestina ganhou impulso, o que começou a gerar inquietação no seio da população árabe, principalmente nos palestinos. A crescente hostilidade desta última levou os colonos judeus a criar uma organização paramilitar – a Haganah – a princípio voltada para a autodefesa e mais tarde também para operações de ataque contra os árabes.

Apesar do conteúdo da Declaração Balfour, favorável à criação de um Estado judeu, a Grã-Bretanha tentou frear o movimento imigratório para não descontentar os Estados muçulmanos do Oriente Médio, com quem mantinha proveitosas relações econômicas; mas viu-se confrontada pela pressão mundial da coletividade israelita e, dentro da própria Palestina, pela ação de organizações terroristas.

Após a Segunda Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes judeus tornou-se irresistível. Em 1947, a Assembléia Geral da ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes: um judeu e outro palestino. Mas tanto os palestinos como os Estados árabes vizinhos recusaram-se a acatar a partilha proposta pela ONU. ( é daí o inicio de todo o conflito)

Em 14 de maio de 1948, foi proclamado o Estado de Israel, que se viu imediatamente atacado pelo Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano (1ª Guerra Árabe-Israelense). Os árabes foram derrotados e Israel passou a controlar 75% do território palestino. A partir daí, iniciou-se o êxodo dos palestinos para os países vizinhos. Atualmente, esses refugiados somam cerca de 3 milhões.

Os 25% restantes da Palestina, correspondentes à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, ficaram sob ocupação respectivamente do Egito e da Jordânia.

a seguir a cronologia dos principais acontecimentos

1947 – A ONU aprova a partilha da Palestina em dois Estados – um judeu e outro árabe. Essa resolução é rejeitada pela Liga dos Estados Árabes.

1948 – Os Judeus proclamam o Estado de Israel, provocando a reação dos países árabes. Primeira Guerra Árabe-Israelense. Vitória de Israel sobre o Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano e ampliação do território israelense em relação ao que fora estipulado pela ONU. Centenas de milhares de palestinos são expulsos para os países vizinhos. Como territórios palestinos restaram a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ocupadas respectivamente por tropas egípcias e jordanianas.

1956 – Guerra entre Israel e o Egito. Embora vitoriosos militarmente, os israelenses retiraram-se da Faixa de Gaza e da parte da Península do Sinai que haviam ocupado.

1964 – Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja pretensão inicial era destruir Israel e criar um Estado Árabe Palestino. Utilizando táticas terroristas e sofrendo pesadas retaliações israelenses, a OLP não alcançou seu objetivo e, com o decorrer do tempo, passou a admitir implicitamente a existência de Israel.

1967 – Guerra dos Seis Dias. Atacando fulminantemente em três frentes, os israelenses ocupam a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (territórios habitados pelos palestinos) e tomam a Península do Sinai ao Egito, bem como as Colinas de Golan à Síria.

1970 – “Setembro Negro”. Desejando pôr fim às retaliações israelenses contra a Jordânia, de onde provinha a quase totalidade das incursões palestinas contra Israel, o rei Hussein ordena que suas tropas ataquem os refugiados palestinos. Centenas deles são massacrados e a maioria dos sobreviventes se transfere para o Líbano.

1973 – Guerra do Yom Kippur (“Dia do Perdão”). Aproveitando o feriado religioso judaico, Egito e Síria atacam Israel; são porém derrotados e os israelenses conservam em seu poder os territórios ocupados em 1967. Para pressionar os países ocidentais, no sentido de diminuir seu apoio a Israel, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provoca uma forte elevação nos preços do petróleo.

1977 – Pela primeira vez, desde a fundação de Israel, uma coalizão conservadora (o Bloco Likud) obtém maioria parla mentar. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, inicia o assentamento de colonos judeus nos territórios ocupados em 1967.

A Questão Palestina

1979 – Acordo de Camp David. O Egito é o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Este, em contrapartida, devolve a Península do Sinai ao Egito (cláusula cumprida somente em 1982). Em 1981, militares egípcios contrários à paz com Israel assassinam o presidente Anwar Sadat.

1982 – Israel invade o Líbano (então em plena guerra civil entre cristãos e muçulmanos) e consegue expulsar a OLP do território libanês. Os israelenses chegam a ocupar Beirute, capital do Líbano. Ocorrem massacres de refugiados palestinos pelas milícias cristãs libanesas, com a conivência dos israelenses.

1985 – As tropas israelenses recuam para o sul do Líbano, onde mantêm uma “zona de segurança” com pouco mais de 10 km de largura. Para combater a ocupação israelense, forma-se o Hezbollah (“Partido de Deus”), organização xiita libanesa apoiada pelo governo islâmico fundamentalista do Irã.

1987 – Começa em Gaza (e se estende à Cisjordânia) a Intifada (“Revolta Popular”) dos palestinos contra a ocupação israelense. Basicamente, a Intifada consiste em manisfestações diárias da população civil, que arremessa pedras contra os soldados israelenses. Estes frequentemente revidam a bala, provocando mortes e prejudicando a imagem de Israel junto à opinião internacional. Resoluções da ONU a favor dos palestinos são sistematicamente ignoradas pelo governo israelense ou vetadas pelos Estados Unidos. A Intifada termina em 1992.

1993 – Com a mediação do presidente norte-americano Bill Clinton, Yasser Arafat, líder da OLP, e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel, firmam em Washington um acordo prevendo a criação de uma Autoridade Nacional Palestina, com autonomia administrativa e policial em alguns pontos do território palestino. Prevê-se também a progressiva retirada das forças israelenses de Gaza e da Cisjordânia. Em troca, a OLP reconhece o direito de Israel à existência e renuncia formalmente ao terrorismo. Mas duas organizações extremistas palestinas (Hamas e Jihad Islâmica) opõem-se aos termos do acordo, assim como os judeus ultranacionalistas.

1994 – Arafat retorna à Palestina, depois de 27 anos de exílio, como chefe da Autoridade Nacional Palestina (eleições realizadas em 1996 o confirmam como presidente) e se instala em Jericó. Sua jurisdição abrange algumas localidades da Cisjordânia e a Faixa de Gaza – embora nesta última 4 000 colonos judeus permaneçam sob administração e proteção militar israelenses. O mesmo ocorre com os assentamentos na Cisjordânia. Na cidade de Hebron (120 000 habitantes palestinos), por exemplo, 600 colonos vivem com o apoio de tropas de Israel. Nesse mesmo ano, a Jordânia é o segundo país árabe a assinar um tratado de paz com os israelenses.

1995 – Acordo entre Israel e a OLP para conceder autonomia (mas não soberania) a toda a Palestina, em prazo ainda indeterminado. Em 4 de novembro, Rabin é assassinado por um extremista judeu.

1996 – É eleito primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Partido Likud (antes denominado Bloco Liked), que paralisa a retirada das tropas de ocupação dos territórios palestinos e intensifica os assentamentos de colonos judeus em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em meio à população predominantemente árabe. O processo de pacificação da região entra em compasso de espera, ao mesmo tempo em que recrudescem os atentados terroristas palestinos. Em Israel, o primeiro-ministro (chefe do governo) é eleito pelo voto direto dos cidadãos.

1999 – Ehud Barak, do Partido Trabalhista (ao qual também pertencia Yitzhak Rabin), é eleito primeiro-ministro e retoma as negociações com Arafat, mas sem que se produzam resultados práticos.

2000 – Israel retira-se da “zona de segurança” no sul do Líbano. Enfraquecido politicamente, devido à falta de progresso no camiho da paz, e também devido às ações terroristas palestinas (não obstante as represálias israelenses), Barak renuncia ao cargo de primeiro-ministro. São convocadas novas eleições, nas quais ele se reapresenta como candidato. Mas o vencedor é o general da reserva Ariel Sharon, do Partido Likud, implacável inimigo dos palestinos. Pouco antes das eleições, começa nos territórios ocupados uma nova Intifada.

2001 – Agrava-se o ciclo de violência: manifestações contra a ocupação israelense, atentados suicidas palestinos e graves retaliações israelenses. Nesse contexto, Yasser Arafat, já septuagenário, parece incapaz de manter a autoridade sobre seus compatriotas ou de restabelecer algum tipo de diálogo com Israel, cujo governo por sua vez mantém uma inflexível posição de força.

8 de jul. de 2010

A pobreza da riqueza

Por Cristóvam Buarque

"Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.

Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.

Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.

No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.

Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.

Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.

A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.

Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.

Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.

Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.

Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".

7 de jul. de 2010

- Internacionalização da Amazônia -

Durante debate ocorrido no mês de Novembro/2000, em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado

Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa."

(*) Cristóvam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade de Brasília (UnB), nos anos 90. É palestrante e humanista respeitado mundialmente.

6 de jul. de 2010

Biodiversidade e Ecossistemas Amazônicos

Revisando meus arquivos fotográficos encontrei um belo acervo dos momentos em que se desenrolava meu curso de pós-graduação em Belém. Um dos momentos mais inesquciveis em que tivemos lá foi com certeza durante as aulas de da disciplina Biodiversidade e ecossistemas amazônicos, com a Profª Drª Clara Ferreira. Fomos a campo para aprender ao melhor estilo "mão na massa" ou melhor "tapa a tapa", pois sofremos com a imensa quantidade de mosquitos na estação de pesquisa da área de várzea baixa, no campus da UFRA, mas o esforço recompensou. Durante a coleta de material pudemos conhecer o navio de pesquisa do IBAMA e ententer seu funcionamento e procedimentos de segurança em alto mar, além de termos visitado o tanque de criação e reprodução de pescado na UFRA e coletado amostra de água e PH nas águas rio guamá no campus da UFPA e logo após ter feito análises das amostras no laboratório de pesca da UFRA e no Instituto de Ciências Biológicas da Ufpa.