De uma rica história, de um passado auréo de prosperidade e riquezas no Pará e na Amazônia de modo geral, Bragança ainda guarda como características mais marcantes a hospitalidade de seu povo, a tradição festiva, a religiosidade e para não esquecer, é claro, a famosa farinha d'agua conhecida até internacionalmente. Tem grandes atrativos naturais, como os grandes campos naturais, os imensos manguezais, as praias, tendo como principal a de ajuruteua e os inúmeros igarapés de água doce e fria que refrescam os ânimos de qualquer visitante.
Viver aqui com as peculiaridades do lugar, da vida simples, dos traços liguisticos não muito comuns graças as influências Européia, africana e indígena faz sentir um saldosismo dos tempos que se foram, sem porém desconsiderar os tempos bons que se achegam. Ao pensar, ver e vivenciar tudo isso sintimo-nos intensamente orgulhosos por ter sido privilegiados em receber de Deus um valioso presente, este "paraíso na terra". É verdade, Bragança soube em muito aproveitar as dádivas divinas e o conhecimento humano para fazer história, entretanto, nem tudo em um belo jardim são flores! Existem também ali espinhos, insetos, persevejos, lagartas e besouros presentes, mas camuflados ou de certo modo passando despecebidos na imensidão da beleza que se achega aos olhos.
É assim que tenho percebido, visto, vivenciado no cotidiano Bragantino, o contrário do aproveitamento que tivemos com as dádivas das criações humanas, aquelas construidas no tempo histórico, o tempo do homem, diferentes das construções do tempo da natureza. Refiro-me à grande riqueza histórica cultural e arquitetônica que se perde a cada dia que passa em nossa cidade, e que em muito entristesse. Tenho visto o antigo vice-consulado português ir ao chão com as traças, baratas, besouros, ratos, e persevejos. A residência Aspásia resiste ao tempo com apoio de vigas de madeira, diferente de outros que ja foram ao chão, o prédio da casa da cultura em ruínas, o mercado municipal datado de 1911, o palacete Augusto Correa, sede do executivo municipal desativado, o prédio da escola Monsenhor Mâncio prestes a desabar, assim como o antigo hotel dos viajantes que resiste mostrando na paisagem um tempo que se foi, mas que permanesse até não se sabe quando mantido na faixada que ainda não desmoronou, vejo tudo indo e se perdendo em meio ao caos, acaso e descaso.
Não bastasse a triste perda do ilustre mestre "Verequete" que deixou suas marcas que jamais se apagarão neste estado, que no entanto vem sendo esquecida ou nem foi lembrada nesses lados de cá, pois há quem não o tenha conhecido, ouvido e adimirado seu talento, tão pouco sabe que sua estrela brilhou primeiro nessas terras abençoadas, isso mesmo, o mestre é filho da terra, terra esta que fecha seus olhos ao espaço-tempo, a cultura-arte e a história-homem, deixando perder tudo o que de mais valioso temos aqui, a história e geografia local.
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